Já pensaste quando vais partir? Dantes doía-me pensar nisso. Imaginar um futuro onde eu não estivesse, parecia-me insuportável. Agora já não. Acho que ficamos tão fartos de tudo, da repetição dos erros, dos nossos e dos outros, até à náusea. De alguma forma partir torna-se um alívio, já não faz mal. Mas nunca sabemos quando esse dia chega... O dia da chuva negra.
Que chuva cai, tão negra,
Excepção que confirma a regra;
Que a chuva é transparente!
Já não sei se é delírio da mente,
Pedaço este de mim, sem cura,
Esta chuva ácida que corrói e me perfura!
Diz-me se não pareço um adamastor?
E se sorrio é uma mentira, artefacto,
Coisa pouca, fingindo não ser dor;
Para revelar tudo no final, terceiro acto,
Desta peça teatral, que é a vida,
Cena final, sempre perdida!
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