Niilismo





Às vezes os pés pesam-te como chumbo e queres ficar onde estás, não ir para nenhum lugar? E depois visitam-te as obrigações quotidianas, as responsabilidades que fomos acumulando com os anos? Uma espécie de bagagem, feita de memórias. Para alguns a medida do seu sucesso, para outros a medida da sua estagnação, dos sonhos que ficaram onde bate a rebentação, ou na espuma das ondas... Como diz o imortal Freddy Mercury, nessa imortal canção dos QUEEN, The Show Must Go On!


Quero lá saber
Tudo tem de morrer
Ou será que não?
Será eterna a paixão?
Areia que nos escapa nos dedos
Vento que nos despenteia o cabelo
E sim através de todos os medos
O amor - oh! o amor! - Ainda é belo!

Nestes ocasos quotidianos
Que alimentam o mar de enganos
Prosseguimos fingindo
E um dia tudo é findo
E não fingimos mais
Coisas tais
Que apagam o sentido
Que alguma vez tenha tido

A pantomina deve continuar
O truque é passar os genes adiante
Não importa nem amar
Basta ser amante
E haver um acidente
No mundo nova gente
O plano não é elaborado
É um destino, espécie de fado

Estou cansado
Pés que arrasto
Somos só passado
Vacas ruminantes
Em algum verde pasto
Passando por seres pensantes
Acabamos no mesmo talho
E às vezes fico sem resposta
À velha pergunta que me é posta:
-- Afinal o que é que eu valho?



Que as fortes músicas possam compensar o fraco poema.