A NEGRA SOMBRA

Todas as tempestades acabam deixando de novo a luz brilhar, mesmo que a princípio tímida, hesitante, como se viesse a medo. Mas acaba por vir. A luz carrega nas suas asas a esperança, abre-nos os olhos, mesmo que à força de um despertar brusco. E a tempestade reforçou a nossa força, mesmo quando nos deixa mais sós.

Oh A sorrateira sombra,
Trazendo a noite negra,
Macia como veludo,
Um escuro que rouba tudo!
Rio que de profundo enegreceu,
Não corre mais, morreu.
Mas hoje não quero saber.
Hoje não é bom dia para morrer!
Estou cansado e quero dormir.
O sol brilha, a sombra vai a fugir.
Serei pássaro e hei-de voar,
A sombra correndo atrás!
O que a vontade faz,

Que se me há-de alcançar,
Terá de se esforçar,
Terá de se matar!