Pássaro cansado

Oh as rotinas vazias dos dias iguais! O mundo que persiste no seu caminho inescusável, na sua senda suicida! Por quanto mais dias de um voo feito de urgência e não do prazer de voar? Confessa que cansa e estás cansado. Mesmo que ainda sobre a esperança...



Cansado, batendo a asa,
Regressa o pássaro a casa!
Pousando no galho conhecido,
Por este dia, dá-se por vencido.
E o sol declina no horizonte em fogo,
Pássaro só, aqui ainda e mais logo...

Na noite não se trina.
Vida que se amofina!
Existir é só cansaço;
Ser apanhado nalgum laço.
E se restar alguma sorte,
Ser rápida a morte!


 

Mágoa II

Quem nunca ficou preso nuns olhos da cor do arco-íris que prometiam tesouro no fim? Mas os olhos, quiseram partir, ver outras coisas que não nós. E toda a gente sabe que só há arco-íris quando chove... E às vezes chove e não é para encontrar tesouro no fim do arco-íris, mas apenas para ficar na lama.

Os meus olhos em água,
São o sinal desta mágoa.
Semente daninha,
Que ficou minha.
Foi crescendo,
E eu vivendo,
A faço crescer!

Quem me dera te esquecer,
Apaziguar este vazio em mim!
Rio seco a que não consigo por fim,
Por mais que chova, eu feito nuvem,
É um negro de doer, por ti,
E por mim também...
(Cada um sabe de si!)
Eu sei que estou só,
Na secura, apenas sou pó.
E quando recordo a nossa chama,
Me transformo em lama...