Chama


Onde andas que alguém precise chamar por ti? Onde te perdeste, que o céu azul tenha de te descobrir? E no entanto às vezes, andamos escondidos dos outros, porque temos medo do que somos. Coisas estranhas que se constroem, como castelos de nuvens que se desfazem no vento. Não sei quem és, mas se às vezes andaste escondido, devemos ter estado no mesmo lugar...

Devo passar por estes lugares desolados,
Velhos recantos que deviam ser apagados.
Lugares de mágoa e desencanto, onde caio.
Asa derrubada de um velho gaio

E já não sei nem lembro se fui,
Ou o que fui em tempos.
Caí, desmoronei e ruí,
Ao sabor dos ventos!

Visto estas vestes,
Tristeza e frustração,
São as minhas pestes,
A velha maldição!

E não aprendo do passado,
Angustia que me traz enredado,
Nas malhas do tempo ido,
E no fim acabo rendido.

Semblante esmorecido,
Não sei bem o que sou.
Talvez esteja adormecido!
Beija-me, chama-me, que eu vou…



 

Desassossego



Já te sentiste vítima de ti próprio? Algo te inquieta e desassossega até à irritação e te leva à palavra errada, à conclusão errada, a um comportamento em que te procuras ferir, o mais próximo que se chega do suicídio. O que é isso? Donde vem? Porque surge? Sinal de frustração, de uma profunda que nasce na alma? A mesma dor que nos faz nascer? A culpa é dele, desse amor completamente alucinado...


No desassossego do que resta por dizer
Inquietude que se deita a crescer
Não sei o que se passa na tua ausência
Não tem muito de ciência
Nada de racional
Mas sinto-me mal
Uma angustia que não sei lidar
Sinto uma enorme saudade
Sinto fugir de mim a felicidade
Eu que apenas te queria amar!