Uma morte misericordiosa


Chegar ao fim da vida para encontrar nesse fim, sofrimento e a sensação de que a vida não vale a pena, é o exemplo mais claro que não existe nenhum Deus amoroso com vontade de nos salvar. É como o Pai Natal. E se Deus se condena, então agora em seu lugar cabe-nos assumir a responsabilidade por nos salvarmos. Está nas nossas mãos. Pois... ocorreu-me o mesmo: Com a actual humanidade, é sem esperança.


Sei que me amas e por isso,
Quero fazer-te um pedido:
Quando eu enlouquecer,
Porque o mundo,
Se tornou um lugar de desespero.
E eu na minha covardia,
Apenas conseguir ficar tolhido e a chorar…
Toma tu a coragem que não tenho,
E mata-me, uma morte por amor!

Oh dá-me uma doce morte,
Que estou farto deste mundo,
Entre a estupidez e barbárie!
Onde a injustiça, a desigualdade, a pobreza,
É como um cancro que se alastra,
Até me causar um sofrimento insuportável!
E não consigo parar esta dor que cresce,
E anseio o alívio vindo nas tuas mãos!
Mata-me sem remorsos, uma morte misericordiosa…


Quando aqueles que chegam ao fim,
Têm de escolher entra a comida ou a saúde.
E todos entoam loas ao capitalismo,
Levando à morte sempre dos mesmos:
Os no fundo da cadeia, despidos até de dignidade!
E que numa purga darwiniana, eliminam-se os fracos,
A quem a única escolha que se lhes dá,
É a de morrerem depressa!
Não sou desses! Não quero ser desses!

E sou demasiado covarde para dar um tiro na cabeça.
Resultado desta sensação de impotência de estar só.
Tenho de deixar à solta esses zombies, anjos da morte,
Disfarçados de piedosas intenções!
Não, eu não sou desta espécie de humanidade bastarda,
Que prefere o caminho mais fácil: enterrar a salvar!
Mata-me! Mata-me por favor, que me enganei ao nascer!