Diz-se que o tempo tudo cura, mas o tempo nunca curou coisa nenhuma. O que o tempo faz é atenuar a dor. Se conseguirmos esquecer, tanto melhor; mas é sempre difícil esquecer e a mágoa torna-se lago e cresce, Seria contudo um disparate que não se deixasse doer. A dor faz também parte do enamoramento e realmente existe como contra-tempo fazendo ressaltar o que de bom se foi tendo...
Magoa-me a tua ausência.
Este forçado exílio a que me remete.
Não há ciência,
Clarividência,
Que explique este sofrimento;
A que me submete,
O teu desprezo, a todo momento!
Quem dera que eu fosse de pedra!
Raiva que em mim medra,
Dar-me todo por inteiro,
E acabar a penar nesta solidão.
Querer a tua mão,
E ficar vazio sem nada!
Quimera dourada,
Que nunca chega a acontecer!
Espaço entre viver e morrer,
Que apenas passa!
Visão baça,
Entorpecente,
Desta mágoa que me deixa doente!