Mãos

 
Mãos, delicado e forte instrumento no fim dos braços. Alcança, agarra, segura, toca. O que fazes com as tuas mãos? O que alcaçam elas? O que agarras? Quem a segura? Em quem tocas? Acaricias... Ou as tuas mãos estão despidas e vazias? O tempo escapa-se por entre os dedos como areia caindo... E ela vai-se...
...escrever o poema...
Seguro os meus dias
Nas minhas mãos vazias
Não são mais meus
Agora todos são teus

Diz-me se os queres
Irei por onde quiseres
Senão lança-os no fundo
Esquecidos do mundo

Sou filho de nenhum lugar
Pássaro, feito para voar
Pés presos no chão
Na vida, em contra-mão

Vem o meu nome chamar
Estender a tua mão tão doce
Quem dera que eu não fosse
Querer ser tudo por te amar

Sou em tudo contradição
Monte sereno e vulcão
Ando com pés de chumbo
Aqui aguardo o fim do mundo!

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Pedro Abrunhosa é um grande poeta e tudo o que é grande inspira!
 

Abraço, num cachecol...

Qual é a maior festa da vida? Alguns dizem que é a paternidade, mas como pode haver paternidade sem amor, sem pelo menos um pouco de paixão? Outros dizem que é a amizade, mas como pode haver amizade sem amor, amor fraternal? As alegrias desta vida, estão sempre relacionadas com relações, entre pessoas. E as relações felizes entre as pessoas, estão sempre relacionadas com o amor. Mas a maior das alegrias é o amor romântico. Às vezes um cheiro, um perfume, uma recordação...

Há música num sabor a festa
Canta em alegre sobressalto o coração
Sempre que o amor se manifesta
Como nesta platónica paixão
Denunciada em irriquieta respiração
Como quando se espevita o fogo com um fole
Fica só o perfume dela, no abraço do cachecol...