O Moinho


Sentiste alguma vez que és apenas um grão? Um entre muitos e que não fazes realmente muita diferença? És mais um na roda do moinho que é a vida. E o teu destino é igual aos outros, seres também moído. Não importa para quê ou o porquê, neste moinho velho, que roda e roda, na vela que gira e volta a girar. Não é preciso sentido, apenas que gire...



Nascemos do prazer e da dor
É isso mesmo o amor
Crescemos em sabedoria
No passar de cada dia
Ilusão que demora a passar
Até que no fim
Quase ao chegar
Descobrimos que não é assim...

Descobrimos que a vida
É sómente um longo desmame
Quando está de partida
Não há quem se chame
A doce mãe ausente
O pai que partiu e deixou saudade
E agora se sente
Que a vida é só uma vaidade

Uma caminhada sem sentido
Inglório esforço de chegar
E ficou o oferecido
Esse lugar
O paraíso num abraço
O lugar que chamas casa
O abrigo sob a tua asa
A quimera prometida
Do amor ardente
Sempre perdida
Sempre ausente

Solitário caminho
Cinzenta chegada
Pobre moinho
Que não mói mais nada