O amor crucifica-me


Podia ser diferente... Mas não seria a mesma coisa! Sei que devia saber que o amor não quer saber dos amantes e quando os apanha torce-os com uma máquina-de-lavar até os embranquecer e purificar. O amor redime toda e qualquer vida. Transforma e transcende a pior das bestas, o mais selvagem dos animais... É por isso que os gatos apesar de arranharem, ronronam... Mas mim, marinheiro louco e apaixonado, o amor às vezes não me dá nenhum porto de abrigo...



Sou um marinheiro
E gostava de aportar
A maresia, o seu cheiro
Vontade de navegar

Queria do teu corpo fazer mar
Abrir vela, encher de vento
Queria ser teu e navegar
Teus olhos, estrelas no meu firmamento

E ao chegar a ti, ter-te toda num abraço,
Refugiar-me das tempestades, em teu regaço!
Ancorar nos teus lábios doces e macios
Deixar-me ser a água dos teus rios!

Mas… Há sempre uma nuvem negra carregada
Um gesto, ou uma palavra impensada
O fugir do furacão que chega veloz
O ficar magoado, perder a voz!

O amor crucifica-me quando me dou
Mostro o peito e vou às balas
Ela fez-me as malas
E eu vou…