Por amor



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Quem nunca teve sonhos de contar histórias como Xerazade, histórias sem fim, que permitissem que a espada de Dâmocles nunca cortasse esse fio que nos prende à vida! Ainda hoje contamos histórias, porque só as narrativas dão sentido ao mundo e há nossa curta existência. São apenas mil e uma noites...

Nada de heróis do nada, com mãos que seguram areia
Somos apenas como as moscas, acabando na teia
E não importa muito o como, apenas a chegada
Que a morte é tudo e a vida um montão de nada
É apenas por medo que contamos histórias de encantar
Que ao fim de mil e uma noites, nos acabe a apanhar
E tecemos narrativas na esperança de um sentido
Mas acaba tudo como começou, tudo podia ter sido
Mas foi só nosso, esse destino irredutível percorrido
E como lamentamos a escravidão das nossas vidas
Que ano após ano, assim se foram, lamentavelmente perdidas
Alguns, enchem-nas de experiências, vivência atrás de vivência
Não se perdem em conjeturas vãs, filosofia ou ciência
É antes comamos e bebamos, porque amanhã morreremos
E deixaremos o palco para outros atores repetirem os papéis
Personagens vagos, assistentes que movem cenários e carretéis
Contem-me uma última história, onde seja herói, por favor
Onde eu salve o mundo, mas não de espada, mas como Cristo, por amor!